Prof. Paulo Fernando Melo
Wilson Leite Passos nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 19 de fevereiro de 1926, filho do Sr. Jaime Pedreira Passos e da Sra. Lealdina Ferrão Muniz Leite Passos.
Estudou com seu irmão Wellington Leite Passos no Colégio Pedro II, exímio nadador era adepto de pesca subaquática e praticante de tiro, colecionador de moedas, torcedor do América Futebol Clube. Dirigiu o órgão estudantil Brado, que entre 1943 e 1945 combateu a ditadura do Estado Novo além dos jornais Brasil-Estudante em 1946 e do jornal Ação Nacionalista, em 1947 além da atuação como jornalista no Correio da Manhã e em A Notícia.
No ano seguinte engajou-se na campanha presidencial do Brigadeiro Eduardo Gomes, organizando o primeiro Comitê de Moços Pró-Eduardo Gomes, responsável por diversas manifestações estudantis. Foi o mais jovem convencional que participou da fundação da União Democrática Nacional (UDN), sendo indicado para organizar o seu departamento nacional estudantil.
Entre 1947 e 1948, foi um dos líderes da campanha em prol do monopólio estatal do petróleo. De 1949 a 1950 idealizou e lançou a segunda candidatura presidencial do brigadeiro Eduardo Gomes, organizando e presidindo em todo o país o Movimento Nacional Popular Pró-Eduardo Gomes e participou do Clube da Lanterna.
Em 1949, foi preso por fazer propaganda da candidatura do Brigadeiro Eduardo Gomes.
Em 1954, teve seu comitê eleitoral destruído e responsabilizou o Vereador João Luiz de Carvalho pelo ato.
Participou da Sociedade Amigos da Ameira de Portugal fundada pelo General Manoel Rabello, junto com o General Euclides de Figueiredo e com o escritor J.G.de Araújo Jorge.
Contando com o apoio de lideranças da UDN, em 1954 foi o autor do pedido de impeachment do presidente da República Getúlio Vargas, rejeitado por 136 votos pelo arquivamento e 35 favoráveis pelo afastamento do presidente Vargas.
Com o slogan – “Carioca arisque um voto em 1954 para vereador em Wilson Leite Passos, que arrisca a vida, como Tenório Cavalcanti, pela liberdade”-, foi eleito vereador pela UDN com 1.868 votos, apoiado pela Liga Eleitoral Católica.
No pleito de outubro, elegeu-se vereador no Rio de Janeiro. Titular da Comissão de Redação, propôs um projeto de lei que previa a realização de exames pré-nupciais, a assistência pré-natal e a orientação psicológica aos casais nas redes públicas de saúde. Aprovada, essa lei vigoraria até a fusão entre os estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, em 1975.
Respondeu a um processo de perda de mandato pelas críticas feitas aos colegas da Câmara Municipal de Vereadores , apelidada de Gaiola de Ouro; ao final, foi absolvido.
Em 1955, Wilson Leite, da UDN, e Valdemar Viana , do PRT, se desentenderam no plenário da Câmara Municipal de Vereadores, quando Wilson Leite foi à tribuna e solicitou a inclusão de um voto de congratulações ao Dep. Carlos Luz, Valdemar dirigiu-se à tribuna para tomar o microfone de Wilson e os dois foram parar no chão.
Em 1956, fez denúncias de bancas do jogo do bicho e cassinos que eram controladas por policiais.
Em 1957, foi aberto a seu pedido uma Comissão Parlamentar de Inquérito pelo uso indevido de carros oficiais e recebimento de diárias pelos vereadores.
Denunciou o Chefe de Escritório do Consulado do Brasil em Roma, Barreto Pinto, futuro deputado federal do PTB, que perdeu o mandato por posar apenas de ceroulas, acusado de peculato por desvios na administração do Teatro Municipal junto com Virgílio.
Em 1957, apresentou o projeto que previa o desconto de 50 por cento aos estudantes nos espetáculos nos teatros da prefeitura.
Perdeu a eleição em outubro de 1958, ficando na suplência, mas acabou exercendo o mandato até 1962, quando a Câmara Municipal foi dissolvida em virtude da criação do estado da Guanabara pela Lei nº 3.752, de 14 de março de 1960, decorrente da mudança da capital federal para Brasília.
Foi vice-presidente do Teatro da Ópera da Guanabara , amigo do barítono Paulo Fortes, tendo disparado um tiro com o revólver Walter, calibre 7,35 mm quando da apresentação da peça “Perdoa-me por me traíres” de Nelson Rodrigues no Teatro Municipal , afirmando que foram reunidas as maiores anomalias que o cérebro humano pode conceber, tendo procurado o Cardeal Dom Jayme Câmara teria Sua Eminência ficado tão impressionado com o relato do edil que se dispôs a entrar em entendimento com o Ministro da Justiça a fim de tentar a sustação da apresentação da peça.
Em 1960, teve vetado o seu nome e da Marta Rocha ex-Miss Brasil, pelos adeptos do “lacerdismo” como candidatos a constituinte do Estado da Guanabara na oportunidade endereçou uma longa carta ao Diretório Regional da UDN, lida da tribuna pelo Vereador Jair Martins, mostrando-se desencantado com os processos adotados pelos udenistas, culpando o Deputado Carlos Lacerda de manobras na legenda visando unicamente a sua eleição para o Governo do Estado da Guanabara.
Em 1961, realizou sessão solene pelo 70 º aniversário pelo transcurso da Rerum Novarum.
Em 1962, foi candidato a Assembleia da Guanabara com o slogan “um chicote do povo contra os opressores” pelo Partido Libertador.
Wilson Leite Passos apoiou o movimento político-militar de 31 de março de 1964, que derrubou o presidente da República João Goulart (1962-1964). Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido de sustentação do regime.
Em 1966, foi candidato a deputado estadual pela ARENA não logrando sucesso nas eleições.
De 1966 a 1970, exerceu o cargo de diretor-fiscal da Companhia Progresso do Estado da Guanabara (Copeg).
Em 1970, foi candidato a deputado estadual pela ARENA com o número 1312, ficando apenas na suplência.
Foi editor e redator político do jornal Luta Democrática de Tenório Cavalcanti (1971-1973).
Foi diretor da Companhia Federal de Seguros (1971-1974).
Em 1974, foi candidato a deputado estadual pela ARENA da Guanabara com o slogan: “experiência de um passado cheio de realizações” ficando novamente na suplência.
Ocupou o cargo de assessor especial do gabinete dos ministros da Fazenda Mário Henrique Simonsen e Carlos Rischbieter (1974-1980),
No pleito de novembro de 1982 elegeu-se vereador pelo Rio de Janeiro pelo Partido Democrático Social (PDS) com o número 1603. Empossado em fevereiro de 1983, durante a legislatura teve o mandato prorrogado por dois anos, medida adotada pelo Congresso Nacional para desvincular as eleições municipais dos pleitos estaduais e federais.
Em 1983, apresentou projeto de lei proibindo a exposição de anúncios sobre filmes contendo sexo explícito nos cinemas e casas de diversão, tendo sido duramente criticado pelo Vereador Carlos Imperial e pela classe artística.
Foi o único vereador a votar contra o PL que impunha a obrigatoriedade aos médicos da rede pública municipal a prática do aborto.
O Comitê de Imprensa da Câmara Municipal de Vereadores concedeu o título de Vereador mais atuante por unanimidade.
Em 1985, fundou o Partido Nacionalista tendo disputado sem êxito a prefeitura do Rio de Janeiro.
Foi reeleito em novembro de 1988, em outubro de 1992 e em janeiro de 1993-; neste último período exerceu na Câmara Municipal a liderança do governo César Maia (1993-1996).
Em 1989, realizou sessão solene em homenagem ao ex-Ministro Lindolpho Collor.
Apresentou proposição prevendo a interdição de locais e cassação do alvará de entidades que promovessem o sacrifício de animais em rituais satânicos.
Em 1993, sendo líder do governo, fez a indicação para o recebimento da Medalha Pedro Ernesto da orquestra Sinfônica Brasileira, da qual era o presidente, o seu amigo particular o ex-Ministro Mário Henrique Simonsen.
Concedeu a Medalha Pedro Ernesto ao General Rubens Bayma Denys e ao Ministro Hélio Beltrão.
Em abril de 1993, ingressou no Partido Progressista Reformador (PPR), resultado da fusão do PDS com o Partido Democrata Cristão (PDC). Em meados do ano seguinte, pediu licença do mandato a fim de dedicar-se à campanha para deputado federal, sendo, no entanto, derrotado na eleição de outubro de 1994. Devido às suspeitas de fraude o Tribunal Regional Eleitoral determinou a anulação do pleito e na nova eleição, em novembro, Passos obteve a primeira suplência, tendo substituído em junho de 1996 o deputado Francisco Dornelles, nomeado para o Ministério da Indústria, Comércio e Turismo. Foi titular das Comissões de Direitos Humanos e de Defesa Nacional e relator do projeto de lei que dispunha sobre a venda ou permuta de bens imóveis pelo Estado-Maior das Forças Armadas, votou contra a criação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).
Apesar da posição do seu partido, o Deputado Wilson Leite Passos e o Deputado Jair Bolsonaro votaram contra a emenda da reeleição do Presidente da República.
Na sessão de 21 de agosto de 1996, proferiu discurso propondo a criação do Ministério da Família fato concretizado com a posse da Ministra Damares Alves no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Fez virulentos pronunciamentos em defesa da valorização das Forças Armadas, da preservação da Amazônia além de considerações a respeito das ações contra os terroristas de esquerda em particular aos criminosos Lamarca e Marighela.
Fez homenagens a Princesa Isabel e ao Brigadeiro Eduardo Gomes em mais de uma oportunidade.
Apresentou projeto de lei em relação a proteção aos animais, em favor do emprego para pessoas de amis de 40 anos e proposição que estabelece pensão às famílias dos ex-combatentes.
No pleito de outubro de 1996 voltou a eleger-se vereador pelo Rio de Janeiro na legenda do PPB. Embora o PPB apoiasse Sérgio Cabral Filho, candidato do PSDB à prefeitura do Rio de Janeiro, Wilson Leite Passos aderiu à candidatura de Luís Paulo Conde, do PFL, que acabou vencendo o pleito no segundo turno.
Em dezembro de 1996, apresentou emenda constitucional propondo o fim da imunidade dos detentores de mandatos legislativos no caso de crime comum. Pouco depois deixou a Câmara dos Deputados e assumiu um novo mandato na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Em setembro de 1997, o prefeito sancionou seu projeto de lei municipal — apresentado em 1995 — determinando a cassação do alvará dos estabelecimentos comerciais com atividades ilegais, como prostituição, venda de tóxicos e exploração de menores. Em 2000, reelegeu-se vereador nas eleições e em 2004 com o slogan “só quem tem passado garante o futuro” conseguiu uma suplência. Assumiu o exercício do mandato de vereador em 2006, com o afastamento do titular. Em 2007, causou polêmica ao apresentar um projeto de lei que visava dar privilégios fiscais e educacionais às famílias deficiências físicas e mentais, o que foi visto como tentativa de estabelecer medidas de eugenia. Em outubro de 2008, conquistou novamente uma suplência, agora na legenda do Partido Progressista (PP), ex- PPB com o slogan “um voto que honra”
Wilson Leite Passos estudou na Faculdade Nacional de Filosofia, sem concluí-lo, depois cursou Administração no Instituto Vieira no Rio de Janeiro (1967-1971) e Relações Públicas (1971-1973).
Foi o organizador do I Comitê de Moços Pró-Eduardo Gomes, 1945; Secretário Nacional de Propaganda da Comissão Estudantil de Defesa do Petróleo, 1947-1948; Organizador e Presidente do Movimento Nacional Popular Pró-Eduardo Gomes, 1949-1950;Presidente da Liga de Defesa dos Animal, 1985-;Membro da Associação dos ex-alunos do Colégio Pedro II e do Lycée Francais; Vice-presidente do conselho deliberativo do Centro Cultural do Movimento Escoteiro, presidente do conselho do Teatro de Ópera do Rio de Janeiro, membro do conselho da Sociedade dos Artistas Líricos Brasileiros.
Lançou o livro “A Serviço da Sociedade e do País”, organizado por mim, quando fui chefe do seu gabinete na Câmara dos Deputados.
Faleceu na Clínica São Carlos, no bairro do Humaitá, zona sul no Rio aos 89 anos, de câncer de pulmão, no dia 17 de setembro de 2016, casado com a Sra. Maria Passos, não deixou herdeiros.
Exerceu 8 mandatos de vereador no Rio de Janeiro, deputado estadual e federal e não há uma única homenagem no município para ele.
Um passado que honra… e esquecido.