Leonardo Loiola Cavalcanti
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) enfrenta diariamente o desafio de gerir um volume monumental de processos. Conforme a base de dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), até maior de 2024, o TJDFT recebeu 176.900 novos processos, sendo 107.825 nas varas judiciais e 86.458 nos juizados especiais. No segundo grau, foram registrados 2.498 processos. No mesmo período, foram julgados 168.647 processos, enquanto 17.269 ainda estão pendentes de julgamento. Os dados mensais mostram um aumento significativo na entrada de novos processos: janeiro registrou 29.688 novos processos, fevereiro 32.753, março 35.770, abril 42.102 e maio 36.587.
Além disso, o tempo médio entre o início do processo e o primeiro julgamento leva 819 dias. Em resposta a essa demanda crescente, o TJDFT implementou a ferramenta de inteligência artificial Ártemis, um marco na modernização do sistema judicial e uma parte de grande importância do Programa de Transformação Digital (PTD).
A Ártemis foi desenvolvida para otimizar o Processo Judicial eletrônico (PJe), oferecendo uma solução avançada para a identificação rápida e precisa de litispendência, prevenção e coisa julgada. Esta iniciativa não apenas promete acelerar a tramitação processual, mas também aumentar a eficiência e a precisão das decisões judiciais. Com a capacidade de analisar milhões de processos em poucos minutos, a ferramenta representa um salto significativo na utilização de tecnologias emergentes para melhorar a administração da justiça.
Nesta matéria, vamos explorar o funcionamento da ferramenta Ártemis, a primeira fase de sua implementação, o desenvolvimento colaborativo que possibilitou sua criação e os principais benefícios e desafios associados ao seu uso. Além disso, discutiremos a necessidade de extrema urgência de envolver a classe dos advogados nesse processo inovador, garantindo que a tecnologia seja utilizada de forma transparente, eficaz e em consonância com as necessidades de todos os atores do sistema judicial.
Primeira Fase de Implementação
Nesta primeira fase, a ferramenta estará disponível para as seguintes varas e unidades judiciais:
Desenvolvimento e Colaboração
A criação da Ártemis foi um esforço conjunto da Coordenadoria de Ciência de Dados (COCID), Núcleo de Monitoramento de Perfil de Demanda (NUMOPEDE), Coordenadoria de Interoperabilidade do PJe (COIPJE), com apoio significativo do Gabinete do Desembargador Sérgio Rocha, Secretaria Geral do Tribunal (SEG), Coordenadoria de Sistemas e Estatísticas da 1ª Instância (COSIST), Subsecretaria de Desenvolvimento de Sistemas (SUDES) e Secretaria de Tecnologia da Informação (SETI).
Programa de Transformação Digital (PTD)
A Ártemis é uma das três soluções de IA incluídas no Programa de Transformação Digital (PTD) do TJDFT. Além das soluções em IA, o programa possui quatro eixos principais:
Benefícios
A implementação da Ártemis traz uma série de benefícios para o sistema judicial:
Prejuízos e Desafios
Apesar dos inúmeros benefícios, alguns desafios e possíveis prejuízos devem ser considerados:
Necessidade de Participação da Classe dos Advogados
Para garantir a eficácia e a aceitação da ferramenta de IA, é importante envolver a classe dos advogados no processo de análise e treinamento da Ártemis. Aqui estão algumas sugestões para alcançar esse objetivo:
Criação de Comitês Conjuntos
Transparência e Acesso aos Algoritmos
Capacitação e Workshops
Pilotos e Testes Beta
A implementação da ferramenta de inteligência artificial Ártemis pelo TJDFT é um marco significativo na transformação digital do sistema judicial brasileiro. Esta iniciativa tem o potencial de trazer uma nova era de eficiência, precisão e transparência, revolucionando a forma como os processos judiciais são geridos e julgados. No entanto, o sucesso dessa transformação depende não apenas da tecnologia, mas também da colaboração ativa de todos os atores envolvidos no processo judicial.
A participação da classe dos advogados é essencial nesse contexto. Advogados são os guardiões dos direitos das partes e desempenham um papel de suma importância na manutenção da justiça e da equidade processual. Portanto, a inclusão dos advogados na análise, treinamento e implementação da ferramenta de IA é fundamental para garantir que a tecnologia seja aplicada de maneira justa e eficaz, respeitando os princípios do devido processo legal.
A criação de comitês conjuntos, o acesso transparente aos algoritmos, a capacitação contínua por meio de workshops e a realização de projetos piloto são passos indispensáveis para uma integração bem-sucedida da tecnologia no sistema judicial. Essa colaboração não apenas fortalecerá a confiança na ferramenta de IA, mas também assegurará que a inovação tecnológica atenda às necessidades e expectativas de todos os envolvidos, promovendo um ambiente judicial mais justo, eficiente e acessível.
Em última análise, a transformação digital do TJDFT, exemplificada pela implementação da Ártemis, representa um avanço necessário e promissor. No entanto, para que essa transformação seja completa e eficaz, é imperativo que a classe dos advogados participe ativamente, contribuindo com seu conhecimento, experiência e perspectiva única. Somente através dessa colaboração será possível alcançar uma justiça mais ágil, precisa e, acima de tudo, humana.
*Esse texto foi elaborado com parceria da IA.